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“Só quem
vive bem os agostos é merecedor da primavera! Lembro-me bem. Foi quando julho
se foi, que um vento mais gelado, mais destemperado, que arrastava ainda folhas
deixadas pelo outono, me disse algumas verdades.
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Convenceu-me
de que o céu começaria a apresentar metamorfoses avermelhadas. Que a poeira
levantada por ele daria lições de que as coisas nem sempre ficam no mesmo lugar
e que é preciso aceitar que a poeira só assenta depois que os redemoinhos se
vão.
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Foi quando julho se foi que a minha solidão me convidou para uma conversa.
E me contou de tempo de esperas. E me disse que o barulho das árvores tinha algo a dizer sobre aceitação. E eu fiquei pensando com elas, as árvores, aceitam as estações que, se as estremecem, também lhes florescem os galhos. Mas tudo a seu tempo.
.Foi em agosto que descobri que os cachorros loucos são, na verdade, os uivos que não lançamos ao vento. São nossos estremecimentos particulares que a nossa rigidez de certezas não nos permite encarar.....
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Foi quando julho se foi que a minha solidão me convidou para uma conversa.
E me contou de tempo de esperas. E me disse que o barulho das árvores tinha algo a dizer sobre aceitação. E eu fiquei pensando com elas, as árvores, aceitam as estações que, se as estremecem, também lhes florescem os galhos. Mas tudo a seu tempo.
.Foi em agosto que descobri que os cachorros loucos são, na verdade, os uivos que não lançamos ao vento. São nossos estremecimentos particulares que a nossa rigidez de certezas não nos permite encarar.....
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Agosto é
quando Deus deixa a natureza traduzir visivelmente o tempo das mutações. Mude,
diz agosto, em seu recado de sementes.
Aceite, diz agosto, com seu jeito frio de vento que levanta poeira e a faz avermelhar o céu.
Aceite, diz agosto, com seu jeito frio de vento que levanta poeira e a faz avermelhar o céu.
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diz agosto....
Distribua mais afetos, que inverno é acolhimento,
é tempo de preparar setembro.
E, de setembro, todos sabemos o que esperar.
Esperamos a arrebentação das cores, que com seus mais variados nomes vêm em forma de flores.
Vamos apreciar agosto, recebê-lo com espanto feliz de quem não desafia ventos.
Que ele desarrume e espalhe suas folhas e levante suas poeiras.
Aceite as esperas, mas coloque floreiras na janela.
Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera.”
Distribua mais afetos, que inverno é acolhimento,
é tempo de preparar setembro.
E, de setembro, todos sabemos o que esperar.
Esperamos a arrebentação das cores, que com seus mais variados nomes vêm em forma de flores.
Vamos apreciar agosto, recebê-lo com espanto feliz de quem não desafia ventos.
Que ele desarrume e espalhe suas folhas e levante suas poeiras.
Aceite as esperas, mas coloque floreiras na janela.
Só quem vive bem os agostos é merecedor da primavera.”
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(
Miryan Lucy de Rezende )
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Maravilhoso, traz bem a relação da alma com o tempo, as nossas dificuldades em acolher os ciclos com amor! Gratidão!
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