Jardins de Sephora

24 janeiro 2012

Liberdades

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 É livre quem pode fazer o que quiser –
dentro das suas limitações de espaço, tempo, energia e recursos. 
Só se é livre dentro de certos limites. Portanto, toda liberdade é condicional.
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Dizer que a minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro é muito bonito. Mas e se a liberdade foi mal distribuída e o meu vizinho tem um latifúndio de liberdade enquanto a minha é um quintal de liberdade, liberdade mesmo que tadinha? 
Não é feio sugerir um reestudo da divisão.
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Cuidado com quem dá aos outros toda a liberdade. Geralmente é quem pode tirá-la.
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Há os que passam o dia inteiro livres e chegam em casa se queixando disso. 
São os motoristas de táxi. 
Toda liberdade é relativa.
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Quem é livre às vezes não sabe. Quem não é livre sempre sabe. Ou será o contrário? 
A gente vê tanta gente inexplicavelmente feliz.
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Alguns são obcecados pela liberdade e prisioneiros da sua obsessão.
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Poderia se dizer que livre, livre mesmo, é quem decide de uma hora para outra que naquela noite quer jantar em Paris e pega um avião. Mas mesmo este depende de estar com o passaporte em dia e encontrar lugar na primeira classe. E nunca escapará da dura realidade de que só chegará em Paris para o almoço do dia seguinte. 
O planeta tem seus protocolos.
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Fala-se em liberdade como se ela fosse um absoluto. Mas dizer “eu quero ser livre” é o mesmo que dizer “eu quero” e não dizer o quê. Existe a LIBERDADE DE e a LIBERDADE PARA. Não é uma questão de preposição e semântica. É a questão do mundo. O liberalismo clássico iconizou a LIBERDADE PARA. Você é livre se tem liberdade para dizer o que pensa e fazer o que quer, para ir e vir e exercer o seu individualismo até o fim, ou até o limite da liberdade do outro. A idéia de que a verdadeira liberdade é a LIBERDADE DE é recente. Livre de verdade é quem é livre da fome, da miséria, da injustiça, da liberdade predatória dos outros
A idéia é recente porque antes era inconcebível.
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Ser livre do despotismo era automaticamente ser livre para o que se quisesse, para a vida e a procura individual do paraíso. Foi preciso uma virada no pensamento humano para concluir que LIBERDADE PARA e LIBERDADE DE não eram necessariamente a mesma liberdade e outra virada para concluir que eram antagônicas. A última virada é  A DECISÃO DE QUE UMA LIBERDADE PRECISA MORRER PARA QUE A OUTRA VIVA. 
Hahaha! 
NÃO CONCORDE COM ELA RAPIDAMENTE.
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Mas eu desconfio que a única pessoa livre, 
realmente livre, completamente livre, 
É A QUE NÃO TEM MEDO DO RIDÍCULO.
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( Luis Fernando Veríssimo )
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